minutos antes da meia noite

Sei quase nada sobre tudo 
Procuro florestas nas tantas migalhas

:

Meu mundo faz com que eu me sinta tão grande
de tanto vazio pra preencher....

.

Invento um amor
De olhos fechados
E assim o encontro em qualquer lugar.
Sem rosto, sem casa
Nem cheiro, só gestos
Na beira da praia ou na esquina do bar.

...

Como pode a solidão entrar numa casa tão cheia de gente?
Como pode tomar um lugar tão grande em meu peito, repleto de vontades?
Que faz o coração pulsar pela vida e pela morte?
Que quer matar, meu coração?

Ciclo da Vida

Renata,
Pode esses Ramos pras
Rosas nascerem de novo
no seu jardim!

Paliativo

De nada tem me adiantado
saltar esses abismos
Disfarçá-los com sorrisos e vôos rasantes.


Preciso sentir a dor
deixar doer
Chorar o morto pra assim dizer adeus.

Fazer das cicatrizes pontes seguras
Por onde eu possa passar por essas feridas
E seguir.

.

Por não ter sido,
Tornou-se especial

Ah, o idealizado!
É o que tenho e o que
quero de você.
Papel e carvão.

Sonha comigo?

Sonho, peço-lhe uma coisa, por gentileza:
Que longo seja o caminho
Pra que eu possa viver mais delícias
até te conquistar.

.

Sinto que a vida vai desenrolando
como um tapete a minha frente
que me permite dar um passo por vez
desenhando, assim, o horizonte aos poucos.


Sinto que a vida se desenrola da melhor maneira possível
Sempre o melhor que poderia ser
Diferente do que imagino, do que eu escolheria.
Mas o melhor possível.

Construtor

Novos horizontes só aparecem
Se trilhados os caminhos de agora.

...

O cansaço é preciso
para outro sonho vir
Substituir o acordado.

Farewell

É preciso permitir o fim
saber o que não cabe mais guardar
Para que assim novas coisas surjam
para compor a caixa.

Segundo ato

Os pássaros em "V" passam
Trazendo consigo o manto escuro
Cuidadosamente costurado de lantejoulas tímidas
Juntando-se ao avesso incandescente e ordenado
de cicatrizes da terra.

Caixa Arquivo

Guardo,

Para perpetuar o fim.

Neblina

Do sonho eu faço
(Traço os riscos,
Curvas, ladrilhos)
o caminho
Por onde vou pisar.

Dobras duras

Do (meu)  sopro 
faço da vida
um catavento.

Descompasso

Num descuido guardei-te em meu coração

Côncavo

Nos sonhos eu vejo
tudo aquilo que
quero manter longe da vista

Arame e barbante

Do sopro
Faz-se vida
Crio cores,
nas bolas de sabão

Lápis de cor

Do desenho eu pego
as pontas do balão
(que guarda o pensamento)
e dele faço,
improviso, abro
um paraquedas de sonhos

João e Maria

A felicidade eu busco;
rastros de alegria
como migalhas de pão
deixadas no caminho

retrovisor

Peguei aos saltos
as lembranças
Uma por uma
Como folhas secas brincando com o vento
E as guardei numa caixinha
Longe da vista

Conexão

Por ser grande
o mundo se faz pequeno.

Buraco sem fundo

Olhos verticais
Vista alongada
Vontades balão
...
com cordão umbilical.

S.O.S

... E a árvore
Pra compensar as raízes
Volta-se alongada em galhos
para o azul.

.

O silêncio é inquietude,
A falta das palavras é vontade de dizer muito
O complicar é permitir interpretações
A pintura no rosto é pra mostrar o que se tem dentro
O respirar fundo é para tornar a dor física

Agora

Essa de definir-se infinitivo
me parece estático demais
Prefiro esse gerúndio constante

Fotografia

Metáforas compactam idéias e possibilitam outras. Essa, que aparento, é a minha.

Credo

Pensar em várias vidas, me vale.
Diversos atos para tudo que quero protagonizar.

Caixinha

Vou despejar tudo que sinto em todo lugar.
Ah, acumular vivências só pra mim, me enche.
Não sei o que fazer com o vivido.
Creio que deva ser compartilhado.

Tanto mar

E das metáforas faço garrafa com mensagem dentro
jogada ao mar que todos navegam
de dentro de suas casas
Solitários...
sempre.

[...]

Gosto é de encontrar-me em versos outros
Dividir o peso em mais ombros...

Rascunho

....És como a figura de barro
a carcaça que representa
o abstrato venerado...
Idealizado.

Fico feliz, assim, por não ser
a ti que amo
mas a sua imagem
que não pode existir
fora do plano das idéias.
Idealizado.

de criança

O que gosto na balança é que
os pés no chão só servem pra
impulsionar-me ainda mais
pro voo ao infinito

O.o

Pra mim, todos receberam sua moldura

E, com ela, a inevitável exposição

Uns mais, uns menos

E como todo quadro jogado à visão

Agradam ou não

Lente Míope

Interpretação

Uma idéia só na cabeça existe?

Encontrei uma moldura que jogaram fora
E a coloquei na parede do meu quarto
E pra todos que perguntavam o porque de estar vazia
Eu dizia que era pra cada um ver o que queria
dentro da moldura

Não durou uma semana e a encontrei com o fundo forrado com papelão e fotos

borrão

Quero despejar o que penso
em gotas de tinta caídas no papel branco
E ali, como na vida,
Deixar cada um ver só o que quer

Quietude

Tem um grande vazio dentro de mim

Formado por todas as coisas.

São tantas coisas dentro de mim que

Não consigo mostrar

Não consigo escrever

E é desse vazio que saem essas palavras:

Um pouquinho do muito que tem dentro de mim

04/11/09

De minha cadeira vejo o céu emoldurado pela janela.
Nuvens brancas se juntando no abafado azul.
Queria não estar aqui.
Não é minha praia

"Pela janela do quarto Pela janela do carro

Pela tela, pela janela

(quem é ela, quem é ela?)

Eu vejo tudo enquadrado

Remoto controle"