domingo, 18 de outubro de 2015

Hoje o meu coração está tão apertado e a garganta um nó que nada sai dela.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Maré

Quem se lança no mar precisa estar preparado para o regime das marés. Se movimenta em ondas, ondas,ondas: entrega-te tudo, num ondulado crescente, depois, de repente, para dentro recua, Me acuda! Para novas ondas gestar O mar vai te entregar, te dar, rebentar tudo num sopetão

Mulato

Olhos de fome, devorando o mundo inteiro que traz pra dentro de si. Beijos de abrigo, que cobre cada pedacinho meu. Do Abraço, um laço que cria o nós A pele cede o que a língua pede e transborda em suor Mata a minha sede, sacia na rede Até se enfartar

domingo, 26 de julho de 2015

Contigo

Estes últimos dois meses de você aqui perto despertou-me à vivência da cumplicidade. Passamos por etapas desde o café de retorno, acertamos o passo entre tropeços para este trecho da caminhada. Cumplicidade ainda que temperada de ilusão. Sou capaz de encaixar invenção nos fatos. Inventei um eu contigo, um eu capaz de partilhar interesses (in)quietos da leitura, do café, do filme no sofá, da contemplação reflexiva...longe dos olhares curiosos e afazeres agitados. Invenção porque aprendi contigo que eu sinto independe de você; invento a sua contrapartida e crio a imaginação do nós. Quando você for embora e a Mantiqueira não te abrigar ao alcance dos meus olhos, sentirei falta de nossas tardes. Sentirei falta de ter com quem sonhar dividir momentos gostosos de meus dias. Sinto falta de ter alguém em quem repousar o meu amor. Sinto falta do que eu sentia quando acreditava ser você o homem com quem trilharia esta jornada. Hoje eu volto à realidade, que meu peito segue vazio, que não é em ti que eu penso ao ler algo bonito. Que meu coração não tem por quem vibrar junto ao ler coisas de amor. Hoje o meu peito abriga sozinho todo o meu amor, que não tem com quem dividir espaço.

terça-feira, 2 de junho de 2015

Havia me esquecido de como era bom sentar-me aqui fora, na sacada do meu apartamento. A tarde seguindo seu curso, um café, as andorinhas voando em festa... todo o som fora, alheio, ainda que componha a companhia da tarde. Na vida, nos convidam para o barulho, para o entretido; com poucos se divide o sossego, o passar do tempo em si, sem a rigidez dos horários. Com poucos se divide o silêncio, que fala conosco, que nos alerta de tudo aquilo que o mundo da diversão não nos deixa pensar. Com poucos se divide a calma, e essa calma me lembra que só imagino dividindo um café assim, sem falar nada, com a minha avó e com você.
Descobri nesses últimos dois anos repletos de despedidas, que o perto é mais que uma questão espacial; perto é dentro do peito. Com isso, libertei-me da presença, que deixou de ser necessária, ainda que seja preferida. Posso estar em qualquer lugar, o amor me acompanha dentro do peito. Estou mais perto que nunca.

Dos dias

Não gosto de dias atropelados de afazeres, daqueles em que o esgotamento te pega ao findar. Prefiro o passar das horas, dedicar-me ao que me entusiasma. Não que eu me ocupe do que não gosto, pelo contrário, cerco-me do que me apraz, mas não precisava ser tudo ao mesmo tempo num só dia. Desgasta. Prefiro sentir passar o tempo, ater-me às atividades, sem cronômetro e berros ao ouvido. Sem exceder na quantidade. Gosto do sono que chega de mansinho, curtindo... e não esse jogar-me na cama, rendida.