terça-feira, 2 de junho de 2015

Havia me esquecido de como era bom sentar-me aqui fora, na sacada do meu apartamento. A tarde seguindo seu curso, um café, as andorinhas voando em festa... todo o som fora, alheio, ainda que componha a companhia da tarde. Na vida, nos convidam para o barulho, para o entretido; com poucos se divide o sossego, o passar do tempo em si, sem a rigidez dos horários. Com poucos se divide o silêncio, que fala conosco, que nos alerta de tudo aquilo que o mundo da diversão não nos deixa pensar. Com poucos se divide a calma, e essa calma me lembra que só imagino dividindo um café assim, sem falar nada, com a minha avó e com você.
Descobri nesses últimos dois anos repletos de despedidas, que o perto é mais que uma questão espacial; perto é dentro do peito. Com isso, libertei-me da presença, que deixou de ser necessária, ainda que seja preferida. Posso estar em qualquer lugar, o amor me acompanha dentro do peito. Estou mais perto que nunca.

Dos dias

Não gosto de dias atropelados de afazeres, daqueles em que o esgotamento te pega ao findar. Prefiro o passar das horas, dedicar-me ao que me entusiasma. Não que eu me ocupe do que não gosto, pelo contrário, cerco-me do que me apraz, mas não precisava ser tudo ao mesmo tempo num só dia. Desgasta. Prefiro sentir passar o tempo, ater-me às atividades, sem cronômetro e berros ao ouvido. Sem exceder na quantidade. Gosto do sono que chega de mansinho, curtindo... e não esse jogar-me na cama, rendida.