sábado, 25 de abril de 2009

Cotidiano

Olho o relógio, estou atrasada
A manhã voara e nem senti passar
Tanto a fazer, não daria tempo pra nada

Torço para que logo passe um ônibus
Que não demore o mesmo tempo que sair dali a pé
Não daria tempo, tanto pra fazer
O dia poderia ter mais umas horinhas

O senhorzinho de sempre, ali sentado, descompromissado
Com jeito de quem sentou ali pra papear, como todos os dias
Pergunta-me que horas eram
"Já são 11 horas"- respondo

O senhorzinho de cabelos brancos
Naquela maneira própria de falar
Comenta
"Ainda são 11 horas.
O tempo demora a passar pra quem já tem
todo o tempo do mundo"


"Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar..."

Raul Seixas

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...e nem sempre cabe comentários, apenas entendimentos. Silêncios.